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A viagem fantástica

por Belinha Fernandes, em 24.04.20

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Vocês viram aquele filme, Viagem fantástica? Um estadista obscurantista e prepotente, é vítima de um atentado biológico nunca reivindicado. Está entre a vida e a morte devido a uma infecção viral cujo agente patogénico se revela particularmente resistente. Os seus conselheiros decidem arriscar uma intervenção cirúrgica pioneira a partir do interior do seu corpo, graças a um processo revolucionário sugerido pela senhora da limpeza, a D. Solange, que tinha a cargo a higiene da Divisão de ciência e tecnologia do departamento e que acumulava ainda um part-time no solário do Presidente. “Atingimos o corpo com uma tremenda intensidade, seja ultravioleta ou apenas uma luz muito poderosa”, disse ela, enquanto limpava os candeeiros de mesa com uma flanela amarela, "trazendo a luz para dentro do corpo, o que pode ser feito através da pele ou de alguma outra maneira”. Logo a seguir, ela teve outra ideia, enquanto desenroscava a tampa da garrafa de lixívia, questionando se seria possível colocá-la em prática: “Vejo o desinfectante, que derruba o vírus num minuto. Um minuto. Haverá alguma forma de fazer algo do género, como injectar ou fazer uma limpeza numa pessoa?" Tony Stark e Elon Musk, formam uma task-force e criam uma espécie de mini- submarino especial. Uma equipa médica chefiada pelo Dr. House é reduzida a dimensões microscópicas e injectada na jugular do ferido com uma seringa. O minúsculo submarino alcança todo o corpo, navegando através de veias e artérias, com passagens pelos pulmões e alvéolos pulmonares, e até pelo coração, borrifando as células com lixívia através de minini-pulverizadores, ao mesmo tempo que envia raios ultravioletas em todas as direcções. Porém, uma sabotadora a bordo do minúsculo submarino quase deita tudo a perder no último momento: trata-se de uma médica convencional que defende que aquele método não se baseia em evidências científicas, "toda uma irresponsabilidade", afirma, que ditará a morte do estadista. O sucesso da operação intitulada "Luz ao fundo da tripa" é posto em causa quando ela se fecha na sala de comando disposta a tudo para salvar o seu presidente, nem que para isso tenha ela de morrer e todos naquela cápsula. Após algumas peripécias, a médica é capturada e acusada de conspirar com os chineses para derrubar o líder da nação mais poderosa do mundo. A arrojada operação de limpeza viral é finalizada com êxito. O estadista sobrevive, o inimigo invisível é vencido. Semanas depois, quando retoma as suas funções, o mundo assiste, estupefacto, ao renascimento de um líder, de pele branqueada. Além disso, ele era agora dono de um pensamento iluminado e capaz de um discurso limpo, o que a todos os cidadãos deixou contagiados. A America voltaria a ser grande, "so help me God", disse. Trata-se, claro, de um filme de ficção científica. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. 

 

publicado às 19:33

Receita de Pão de Vinho (Especial quarentena)

por Belinha Fernandes, em 22.03.20

 

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Receita de Pão de Vinho (Especial quarentena)

Ingredientes:

1 garrafa de bom vinho

250g de farinha de trigo, tipo 65

200g de água fria

10g de fermento padeiro

5g de sal fino

10g de açúcar

Preparação:

Uma boa ideia para quando se acabar o pão em casa em tempos de quarentena, é meter as mãos na massa. Abundam receitas na internet, aqui fica mais uma. Para começar, abra-se uma garrafa de um bom vinho para o deixar respirar. Depois, numa taça média, dissolva-se o fermento na água, junte-se o açúcar e misture-se bem. Encha-se um copo com vinho, pode ser aquele copo que usa habitualmente. Não tanto que venha por fora, mas não tão pouco que vos deixe um travo a racionamento de II GG. Deixe-se o copo ao alcance da mão, na banca, durante uns minutos para libertar todos os aromas. Noutra taça, misture-se bem a farinha com o sal. Deitem-se estes ingredientes na primeira taça e envolvam-se com a ajuda de um vara de arames. Cubra-se depois o recipiente com película aderente ou pano lavado e deixe-se a descansar ao abrigo de correntes de ar. Aproveite-se agora para provar o vinho escolhido. Aspire, prove. Que tal? Satisfeito? Se não estiver, é a altura de ir buscar outra garrafa e substituir. Se a pinga for do seu agrado, beba mais um gole, encha de novo o copo e prepare-se para uma deliciosa espera de uma hora enquanto o pão leveda, acompanhando o vinho com uma boa leitura. Finda a espera, tenda-se o pão com a ajuda de farinha. Moldem-se algumas bolas, alonguem-se e deixem-se a descansar na banca sobre farinha. Com uma faca, faça-se um corte em diagonal não profundo em cada bola. Pré-aqueça-se o forno a 200º, enfarinhe-se um tabuleiro e levem-se as bolas ao forno até ficarem douradas a gosto. Aproveite-se para encher o copo a cada vez que se for à cozinha para controlar a cozedura do pão de vinho. Consuma-se ao singelo ou acompanhe-se com manteiga, queijo, compotas, patés ou fumados, regado com o líquido restante. Não se esqueça de seguir o protocolo de higiene Covid-19 durante a preparação. Bom apetite. (Nota: receita nunca testada. Se fizer o pão de vinho, diga-me como correu. Se conseguir.)

publicado às 15:10


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